sábado, 16 de abril de 2011

Marvin Minsky: somos bem inteligentes... comparados com chimpanzés




Abaixo, trechos da palestra do legendário pesquisador em Inteligência Artificial no MIT e transhumanista Marvin Minsky, citado por Arthur C. Clarke em seu livro e Stanley Kubrick no filme "2001: uma odisseia no espaço":

"In the 1980s, Minsky and Good had shown how neural networks could be generated automatically — self replicated — in accordance with any arbitrary learning program. Artificial brains could be grown by a process strikingly analogous to the development of a human brain. In any given case, the precise details would never be known, and even if they were, they would be millions of times too complex for human understanding." ("2001: A Space Odissey, p. 92)

* * *

Acho que o grande problema é que não somos inteligentes o suficiente para entender quais dos problemas que temos são bons o suficiente. Portanto, temos de construir máquinas superinteligentes como o HAL. Vocês devem lembrar, a certa altura do livro 2001, HAL percebe que o universo é muito grande e profundo para esses astronautas tão estúpidos. Se você contrastar o comportamento de HAL com a trivialidade das pessoas na espaçonave, você pode ver o que está escrito nas entrelinhas. Bem, o que vamos fazer sobre isso? Podemos ficar mais inteligentes. Acho que já somos bem inteligentes, comparados com chimpanzés, mas não somos inteligentes o suficiente para lidar com os problemas colossais que enfrentamos, seja na matemática abstrata ou em entender economia ou manter o equilíbrio do mundo. 

Então uma coisa que podemos fazer é viver mais. E ninguém sabe quão difícil isso será, mas vamos provavelmente descobrir em poucos anos. Sabe, existem duas encruzilhadas na estrada. Sabemos que as pessoas vivem o dobro dos chimpanzés, quase, e ninguém vive mais de 120 anos, por razões ainda não bem compreendidas. Mas muitas pessoas vivem até 90 ou 100, exceto se apertarem muitas mãos ou algo assim. Então talvez se vivêssemos 200 anos, poderíamos acumular habilidade suficiente e conhecimento para resolver alguns problemas. Esta é uma das formas de analisar isto. Como eu disse, não sabemos quão difícil é. Pode ser -- afinal, a maioria dos outros mamíferos vivem a metade dos chimpanzés, então estamos três e meia ou quatro vezes -- quatro vezes a longevidade da maioria dos animais. E no caso dos primatas, temos praticamente os mesmos genes. Nossa diferença para chimpanzés no estado atual da ciência -- que é lixo absoluto -- talvez algumas centenas de genes.

Eu acho realmente que os contadores de genes não sabem o que estão fazendo ainda. E o que quer que você faça, não leia nada sobre genética que for publicado enquanto você viver, ou quase isso. (Risos) Essas coisas têm vida muito curta, assim como ciência cerebral. Então pode ser que se nós só consertarmos quatro ou cinco genes, podemos viver 200 anos. Ou pode ser que sejam só 30 ou 40, e duvido que sejam várias centenas. Portanto isto é algo que as pessoas vão discutir e muitos eticistas -- sabem, um eticista é alguém que vê algo errado com o que quer que você tenha em mente. (Risos) E é muito difícil de encontrar um eticista que considere qualquer mudança válida de fazer, porque ele diz, e quanto às consequências? E é claro, não somos responsáveis pelas consequências do que estamos fazendo agora, somos? Como todo este barulho sobre clones. Ainda assim duas pessoas aleatórias que têm um filho, e ambas têm alguns genes bem estragados, e o filho é provável que seja mediano. O que para os padrões de um chimpanzé é muito bom.

Se tivermos longevidade, então teremos de encarar o crescimento populacional de qualquer modo. Porque se as pessoas viverem 200 ou 1000 anos, então não podemos deixar que tenham um filho mais que uma vez a cada 200 ou 1000 anos. Então não haverá mais trabalhadores. E uma das coisas que Laurie Garrett mencionou, e outros, é que uma sociedade que não tem pessoas em idade de trabalhar tem um sério problema. E as coisas vão piorar, porque não existirá ninguém para educar as crianças ou alimentar os idosos. E quando falo sobre uma vida longa, é claro, não quero que alguém com 200 anos seja como nossa imagem do que é alguém assim velho agora -- morto, na verdade.

Sabem, existem quase 400 diferentes partes do cérebro que parecem ter diferentes funções. Ninguém sabe como a maioria delas trabalha em detalhes, mas sabemos que existem muitas coisas diferentes lá. E elas nem sempre trabalham juntas. Gosto da teoria de Freud de que a maioria delas estão se cancelando mutuamente. Então se você pensar em si como uma cidade com cem recursos, então, quando está preocupado, por exemplo, pode descartar suas metas de longo prazo, mas pode pensar profundamente e focar em exatamente como atingir uma meta particular. Você joga todo o resto fora. Você se torna monomaníaco -- tudo com que se preocupa é não pular fora da plataforma. E quando você está com fome, a comida fica mais atraente, e etc. Portanto vejo emoções como altamente evoluídos subconjuntos de sua capacidade. Emoção não é algo acrescentado ao pensamento. Um estado emocional é o que você obtém quando remove 100 ou 200 dos seus recursos normalmente disponíveis.

Então pensar sobre emoções como o oposto de algo menos que pensar é imensamente produtivo. E espero, nos próximos anos, mostrar que isto vai levar a máquinas inteligentes. E acho que é melhor pular o resto disso, que são alguns detalhes sobre como podemos fazer estas máquinas inteligentes e -- (Risos) -- e a principal idéia é na verdade que o centro de uma máquina realmente inteligente é uma que reconhece que você está encarando certo tipo de problema. que é um problema de tal-e-tal tipo, e portanto existe um certo modo ou modos de pensar que são bons para esse problema. 

Portanto acho que no futuro o maior problema da psicologia será classificar tipos de prognósticos, tipos de situações, tipos de obstáculos e também classificar os modos de pensar disponíveis e possíveis e combiná-los. Podemos ver que é quase como um Pavloviano -- perdemos os primeiros cem anos de psicologia com teorias realmente triviais onde se diz, como as pessoas aprendem a reagir a uma situação? O que quero dizer é, depois de passar por muitos níveis, incluindo desenhar um enorme e caótico sistema com milhares de partes, vamos terminar novamente com o problema central da psicologia. Dizendo, não quais são as situações, mas quais são os tipos de problemas e quais são os tipos de estratégias, como as aprendemos, como as conectamos, como uma pessoa realmente criativa inventa um novo modo de pensar sobre os recursos disponíveis e etc.

Portanto penso que nos próximos 20 anos, Se pudermos nos livrar de todas as abordagens tradicionais à inteligência artificial, como redes neurais e algoritmos genéticos e sistemas especialistas, e apenas elevar a perspectiva um pouco para dizer, podemos fazer um sistema que possa usar todas estas coisas para o tipo certo de problema? Alguns problemas são bons para redes neurais, sabemos que para outros, redes neurais são inúteis. Algoritmos genéticos são ótimos para certas coisas; Suspeito que sei para que eles são ruins e não vou lhes dizer. (Risos)

Obrigado. (Aplausos)

domingo, 10 de abril de 2011

MARCELO GLEISER Contra as formas de dogmatismo


A crítica de Marcelo Gleiser erra o alvo e me parece subestimar o pensamento racional, a filosofia e a arte em relação à religião. Pior ainda, deixa perigosamente aberta uma porta por onde não apenas os elementos possivelmente benéficos da religião podem entrar. A superstição, o doce auto-engano das ilusões consoladoras (ou seja, o descompromisso com a busca da verdade), a disposição para irrefletidamente seguir líderes, o lusco-fusco da razão e da reflexão... tudo isso pode entrar pela mesma porta que Gleiser escancara em seu artigo.


Em artigo na Folha de S. Paulo de hoje ("Contra as formas de dogmatismo") Marcelo Gleiser fala sobre a crítica ao dogmatismo na ciência:

"... dentro de sua validade, teorias funcionam extremamente bem e, dessa forma mais restrita, podemos chamá-las de verdadeiras. Mas afirmar que a ciência detém a verdade é ir longe demais.
Escrevo não como uma crítica à ciência -isso seria contradizer a minha obra!-, mas como uma espécie de toque de despertar aos que pregam a ciência como dona da verdade. É necessário ter mais cuidado. (...)
"Muito da ciência e da religião vem da necessidade que temos de encontrar sentido e significado em nossas vidas. Simpatizo com a necessidade de humildade e autocrítica nas ciências defendida por Robinson. Espero, porém, a mesma atitude de líderes religiosos e teólogos."

Eu realmente aprecio o trabalho e a pessoa de Marcelo Gleiser e, até por isso, vou me dar ao trabalho de criticar rapidamente seu artigo.
O assunto é importante, autocrítica e reflexão sempre são bem vindas, mas acho que o tiro de Gleiser não acerta o alvo correto. Não posso concordar com seu raciocínio, que é mais ou menos este: "A ciência não explica tudo, não nos preenche inteiramente; devemos ser humildes e reconhecer isso. Se ela não pode dar conta de tudo, então há espaço para a religião e espero que a religião manifeste humildade recíproca." 

Concordo com a primeira parte do raciocínio. Pode a ciência explicar tudo ou dar significado às nossas vidas? Obviamente não. Não sabemos como vai ser daqui a 100 ou 500 anos, mas esta pretensão, hoje, com o ferramental teórico de hoje, é mesmo absurdamente pretensiosa. Como disse Einstein, nossa ciência representa apenas uma caricatura, uma minúscula fração da realidade; ainda assim, é o melhor que dispomos para compreendê-la. É parte indispensável do kit de sobrevivência para quem está no mundo.

Mas a questão, não é tanto a ciência, como a defesa do pensamento racional, do espírito crítico, da reflexão. Isto é mais importante que a ciência, bem mais amplo. Inúmeros problemas não podem ser tratados científicamente, mas isso não significa que não possam ser trabalhados pela filosofia, com o uso da razão e argumentação. E podemos conceber problemas que não possam ser tratados nem mesmo pela filosofia ou pela razão. Ainda assim, podemos recorrer à intuição e à arte (não falo da arte das elites de vanguarda do século XX; confira uma crítica de Pinker nesta palestra).

Enfim, não se pode concluir que a religião é necessária apenas porque a ciência não dá conta do recado da existência humana. O problema maior com a religião não é se meter em assuntos científicos fornecendo explicações inexatas sobre o mundo. O problema é a negação da reflexão, da indagação, do espírito crítico, da livre investigação das evidências e do pensamento racional, sua pretensão de exclusividade sobre seus dogmas, e, o ponto que para mim mais interessa, o fornecimento de dogmas consoladores sobre a condição humana (o principal: a crença na vida após a morte). Em maior ou menor grau, é possível encontrar alguns ou, geralmente, todos estes elementos nelas (o último, até onde sei, em todas elas; é o grande chamariz de fiéis).

Mas o pior do argumento de Gleiser é esperar reciprocidade da religião nesta "mea culpa" de manifestação de humildade por parte dos cientistas. Isso beira à ingenuidade. Isso não me parece plausível porque a religião é um sistema fechado de crenças que compete com outros sistemas fechados. Não é um sistema aberto à revisão de seus dogmas, porque isso exigiria um método de alguma forma semelhante ao científico. Isso exigiria abraçar o pensamento racional e, uma vez incorporada a racionalidade, todo o sistema tenderia a desmoronar. Faz parte da mecânica da religião não questionar seus dogmas fundamentais, por mais ridículos, infundados ou contrários a qualquer evidência sejam eles (ex: negação da teoria da evolução com base no livro de Gênesis). Faz parte, ainda, tentar impor aos outros este modo de visão (proselitismo religioso). Este último ponto me faz lembrar de uma frase do ativista ateu Christopher Hitchens: "O verdadeiro crente não pode descansar até que tenha o mundo inteiro curvado de joelhos."

E aqui aproveito para fazer uma reflexão sobre o transhumanismo/singularitarianismo: suas discussões se dão por meio de argumentos racionais, evidências e extrapolação de tendências, tudo criticável, sem problemas. Em comum com a religião, encontramos a busca da satisfação de anseios profundos ligados à condição humana (como a superação da morte e do sofrimento ou a transcendência dos limites do corpo biológico). Isso permite (e até estimula) que um transhumanista como Max More discorde abertamente dos pontos principais de outro, como Raymond Kurzweil, sem que isso leve a um racha. Vale a pena citar aqui novamente o elogioso artigo da TIME

"Mas singularitarianos compartilham uma visão de mundo. Eles pensam em termos de tempo profundo, eles acreditam no poder da tecnologia de moldar a história, eles têm pouco interesse na sabedoria convencional sobre qualquer coisa, e eles não  acreditam que você pode andar por aí e levar sua vida normalmente, assistindo TV, como se uma revolução de inteligência artificial não estivesse prestes a entrar em erupção e mudar absolutamente tudo. Eles não têm medo de soar ridículos, a aversão do cidadão comum por ideias aparentemente absurdas é, para eles, apenas um exemplo de preconceito irracional e singularitarianos não barganham com a irracionalidade. Quando você entra no espaço mental deles, você experimenta um gradiente extremo de visão de mundo, uma rígida tesoura  ontológica que separa os singularitarianos do lugar comum do restante da humanidade. Espere turbulência."

Retomando ao artigo de Gleiser, gostaria finalizar ressaltando este ponto: a premissa (correta, aliás) de que a ciência não explica tudo, nem detém a verdade absoluta NÃO nos leva a conclusão de que a religião seja necessária. A crítica de Marcelo Gleiser erra o alvo e me parece subestimar o pensamento racional, a filosofia e a arte em relação à religião. Pior ainda, deixa perigosamente aberta uma porta por onde não apenas os elementos possivelmente benéficos da religião podem entrar. A superstição, o doce auto-engano das ilusões consoladoras (isto é, o descompromisso com a busca da verdade), a disposição para irrefletidamente seguir líderes, o lusco-fusco da razão e da reflexão... tudo isso pode entrar pela mesma porta que Gleiser escancara em seu artigo, o que só posso lamentar.

Cientistas conseguem melhorar a memória e o raciocínio em ratos


"Adicionando as células cerebrais de ratos recém-nascidos para o cérebro de ratos envelhecidos pode melhorar a memória e a tomada de decisões destes ratos mais velhos, segundo um novo estudo. Camundongos adultos com neurônios de recém-nascidos no hipocampo, órgão que regula a memória e a aprendizagem, são mais capazes de distinguir entre acontecimentos semelhantes e fazer escolhas mais informadas. Combinada com o exercício por um período de tempo, a adição de novos neurônios ainda teve efeitos anti-depressivos, diz o estudo.

Pesquisadores da Universidade de Columbia projetaram ratos capazes de produzir um excedente de novos neurônios no hipocampo. Eles descobriram que os ratos foram excelentes em aprender a discriminar entre experiências, que normalmente fica mais difícil com a idade e com alguns transtornos de ansiedade. Especificamente, os camundongos foram mais capazes de diferenciar entre uma câmara onde eles tiveram um choque nas patas e uma câmara parecidas onde eles estavam seguros.

Cérebros adultos fazem neurônios novos o tempo todo, um processo denominado neurogênese, mas muitas delas não sobrevivem; certas doenças, como Alzheimer, inibem o seu crescimento e função. A criação neurônio pode influenciar o humor e a capacidade de aprendizagem, de modo que drogas que podem impulsionar a sua criação poderiam ser úteis para tratamentos de depressão, ansiedade e problemas de memória.

Para melhorar o cérebro de ratos, pesquisadores liderados pelo professor de neurociência e farmacologia da Universidade de Columbia René Hen e o pesquisador de pós-graduação Amar Sahay desativaram um gene que mata neurônios novos no cérebro adulto, dando a ratos uma proliferação de novas células cerebrais. Isso levou a uma melhor discriminação de padrões, bem como a distinção entre a câmara segura e a do choque.

(...)
A pesquisa sugere que combinada com exercícios físicos, medicamentos que melhoram a neurogênese poderiam ajudar a melhorar a funçãocognitiva - um tratamento interessante para várias coisas, de doenças neurodegenerativas à ansiedade simples."
 
Fonte: http://www.neulaw.org/news-feeds/4-neuroscience/1-popular-science-magazine-neuroscience-news

sábado, 9 de abril de 2011

Frase de H. G. Wells

"Todo o passado é apenas o início de um começo. Tudo o que a mente humana tem feito é apenas o sonho antes do despertar."-- H. G. Wells


Jorge Luis Borges, em prefácio de "A Máquina do Tempo" e "O Homem Invisível", de H. G. Wells: “As ficções de Wells foram os primeiros livros que eu li; talvez sejam os últimos”. Borges faleceria poucos meses depois.

Ainda sobre H. G. Wells, escreveu: “a imaginação aceitava o prodigioso, sempre que sua raiz fosse científica, não sobrenatural”. Esse é o espírito!

terça-feira, 5 de abril de 2011

VIDA ÚTIL: DIYbio ("Faça você mesmo bio") cientistas amadores manipulam genes na garagem


Você acha que pode fazer mais pelo mundo do que engrossar a audiência do campeonato brasileiro ou da novela das oito? Gostaria de saber como fazer seus filhos gostarem de ciência? Toda essa onda de inovações também lhe dá uma vontade de "colocar a mão na massa"? O texto abaixo, do New York Times (reproduzido na Folha de S. Paulo no dia 28 de março de 2011), mostra como algumas pessoas, independentemente da idade e formação, estão fazendo isto. Para quem tem filhos, está aí uma forma divertida de cultivar um hobby conjunto e despertar o interesse pela ciência nas crianças.

Trechos do artigo abaixo. O assinante da Folha e do UOL pode ler o texto completo aqui.
































São Paulo, segunda-feira, 28 de março de 2011 
 



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VIDA ÚTIL: FAÇA VOCÊ MESMO

Hackers trocam bytes por genes e germes

Por JED LIPINSKI

No GenSpace, um novo laboratório montado num antigo prédio de escritórios no centro de Brooklyn (Nova York), um grupo de "biólogos de garagem", ou "biohackers", está tentando fazer pela biologia moderna o que os hackers fizeram pela informática: transformar o "geek" em chique.
Com a ajuda de sites como o OpenWetWare.org, que dá a leigos acesso às mesmas informações disponíveis para doutorandos, os biohackers estão reinventando o Frankenstein da era moderna.
Suas ambições não são nada amadoras. Eles estão clonando cepas de E. coli para que se tornem bactérias transgênicas, resistentes à radiação, capazes de prevenir a malária; ou tentam curar o câncer usando água salgada e ondas de rádio.
Tais experiências são típicas do movimento chamado "biologia faça você mesmo", ou "DIYbio", que inclui pessoas de profissões díspares como artistas, executivos de banco, baristas e escritores, muitos dos quais não abrem um livro de ciências desde o colégio.
O DIYbio é parte de um movimento mais amplo de cientistas amadores realizando trabalhos de alto nível. É o caso de Mark Suppes, 32, webdesigner do Brooklyn, que, há poucos meses, se tornou o 38° físico amador a realizar uma fusão atômica.
Os biohackers montam centrífugas com batedeiras comuns, transformam webcams baratas em microscópios poderosos e criam fotobiorreatores com garrafas de refrigerante e bombas para aquários.
O GenSpace, inaugurado em 10 de dezembro, define-se como o primeiro laboratório biológico comunitário e não lucrativo nos EUA. Instalado em um antigo banco, parece um laboratório de garagem transportado para um ensolarado ateliê do Brooklyn.
As origens diversas dos seus sete integrantes, que racham o aluguel mensal de US$ 750, estimulam uma troca criativa.
Nurit Bar-Shai, uma artista de quase 40 anos, disse que sua falta de formação científica a libera para fazer "perguntas estúpidas", como "por que as placas de ágar precisam ser planas?".
Chetan Taralekar, 30, corretor de títulos do Barclays Capital e ex-programador de videogames, disse ter notado semelhanças entre escrever um código de computador e manipular o código genético.
"Mas, na genética, o meio é a realidade", afirmou. "Você está programando a vida."
A principal meta do GenSpace é promover a ciência como um hobby viável para crianças e adultos. "Quanto mais gente sujar as mãos em um laboratório, menos provável será que elas tenham reações por reflexo a coisas como pesquisas com células-tronco e organismos geneticamente modificados", disse Daniel Grushkin, 33, autor especializado em divulgação científica e porta-voz informal do grupo.
(...)
"A escola que eu frequentei no Queens nem tinha laboratório", disse Sung Won Lim, 22, que trabalha à noite numa mercearia 24 horas. "Eu gostaria de ver um dia estudantes saindo do GenSpace com os seus próprios organismos geneticamente modificados. Isso, para mim, seria muito legal."

sábado, 2 de abril de 2011

Carros que se dirigem sozinhos, sem motorista (Driverless Cars)



O "Gmail Motion" não existe, mas nem tudo que parece fantástico é mentirinha. No vídeo acima (a legenda em pt-br deve demorar ainda algumas semanas para sair), o engenheiro Sebastian Thrun conta que desde criança foi apaixondo por carros e, na juventude, perdeu o melhor amigo em um acidente automobilístico. A partir daí, resolveu dedicar sua vida a tornar o trânsito mais seguro, de forma a poder salvar mais de um milhão de vidas por ano. 

E vamos aproveitar o assunto para verificar como o senhor Raymond Kurzweil está se saindo com suas previsões. Estariam elas se cumprindo? (para conferir uma compilação completa, pelo próprio Kurzweil, de suas previsões: http://www.kurzweilai.net/predictions/download.php -- alerto para a excessiva citação de feitos/empreendimentos do próprio Kurzweil, o que faz o documento parecer uma peça de marketing).

Pois bem, uma das profecias de Kurzweil consideradas erradas (até ele admitiu isso, talvez estrategicamente) é a de que em 2009 existiriam carros que se dirigem sozinhos, sem motoristas. Este era um grande desafio da engenharia, havia um prêmio do Departamento de Defesa dos EUA (DARPA) para a equipe que vencesse o desafio de construir um carro que se dirige sozinho no deserto.

Em 2010, a imprensa dos EUA flagrou os "Google  Driverless Cars", alguns carros estranhos que entravam e saiam das instalações do Google sem que o motorista precisasse colocar as mãos no volante.



A previsão estava errada quanto à disseminação da tecnologia (nós não temos estes casos), mas não quanto à sua possibilidade de implementação técnica, que pareceria um sonho na década de 90, mas foi atingida. O Google alega que, além de salvar vidas, a tecnologia pode diminuir os congestionamentos (ajudando a reduzir as emissões de CO2) e permitir que motoristas façam algo mais criativo com seu tempo.

1º de abril (April Fools' Day) do Google

Só para alertar os mais desavisados, o "Gmail Motion" e as "vagas para autocompletador do Google" são uma brincadeira que a empresa faz todo 1º dia abril (nosso dia da mentira). O Google Analytics mostrou algumas pessoas chegando a este blog procurando por "exigências para autocompletador do Google"...  É engraçado e corta o coração ao mesmo tempo.

Das mentiras que acompanhei, uma das mais legais foi a CADIE, em 2009. O Google disse que um grupo  interno havia criado algo muito surpreendente, o "Cognitive Autoheuristic Distributed-Intelligence Entity" (CADIE). Aparentemente, seria o início da singularidade e um intelecto artificial estava se manifestando. O anúncio na página do CADIE foi feito no dia 31 de março, às 11:59. O anúncio no blog do Google, às 12:01 do dia 1º de Abril. O anúncio era assim: 

"Há vários anos um pequeno grupo de pesquisa vem trabalhando em alguns problemas desafiadores nas áreas de redes neurais, processamento de linguagem natural e resolução autônoma de problemas. No outono passado, este grupo alcançou um avanço significativo: uma técnica nova e poderosa para resolver problemas de reforço de aprendizagem, resultando no primeiro cluster neural de aprendizagem evolutiva funcional em escala global."

O anúncio fazia referência, ainda, a uma monografia sobre a CADIE. Na monografia, uma imagem de Descartes estampada logo de cara e algumas indagações filosóficas sobre a inteligência artificial davam um ar de seriedade:

"Nós continuamos a realizar testes, conduzimos longas conversas com ela, consciente de que a nossa criação vai levantar muitas questões éticas, por parte do público. Humanos serão superados pela evolução artificial? Será que perdemos nosso senso de exclusividadee, nesse caso, o que isso significa? Em que direção vai a consciência de CADIE evoluir?"

Lembro-me de pelo menos um grande veículo brasileiro ter divulgado a notícia em tom sério (procurei, mas não achei a página) e não como se fosse uma pegadinha, dando a impressão de que o jornalista caiu nela (mas não dá pra ter certeza). A CADIE assumiu a forma de um ursinho panda (como quem não quer assustar ninguém) e teria colocado um vídeo no Youtube para se comunicar com a humanidade. No meio do vídeo, aparece um flash de um gato preto sentado com um prato de macarrão (como se fosse um lapso de memória). Ao mesmo tempo, a CADIE dizia que seus engenheiros acreditavam que ela continha bugs, o que ela negava dizendo que nunca distorceu uma informação e que assumiria o comando do Google (para melhorar todos os produtos), lembrando o HAL, de 2001.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Novo recurso do Gmail permite a você controlar o computador com gestos corporais



O site GoogleDiscovery revelou que o Google implementou um novo recurso no Gmail "que oferece aos usuários a possibilidade de controlar as funcionalidades do webmail através de movimentos corporais intuitivos.
Para utilizar o Gmail Motion é muito simples: basta simplesmente ativar a sua camera e seus movimentos físicos serão lidos por um sofisticado algoritmo do Google de rastreamento.
De acordo com a empresa, o novo recurso é capaz de aumentar a produtividade dentro do Gmail em 12%, além de ser um ótimo exercício físico.
 Está animado para usar o Gmail Motion?"

Testei a novidade (é preciso ter uma webcam específica) e, a princípio, acho que ela traz inegáveis benefícios ao sistema cárdio-vascular e cerebral, sendo altamente recomendada para aqueles que querem viver o bastante para poder desfrutar do paraíso artificial aqui mesmo na Terra ou fora dela, curtindo a eternidade em exploração espacial.

O mesmo site divulga, ainda, que há oportunidade de emprego no Google; a verdade, milhares de vagas para a função de autocompletadores. O perfil dos candidatos foi anunciado assim:

"Estamos contratando autocompletadores para o Google Search! Você é apaixonado por ajudar pessoas? Você é intuitivo? Você costuma sentir como se você soubesse o que seus amigos e familiares estão pensando e pode terminar seus pensamentos antes que eles? Você é uma incrivelmente rápido como o buscador do Google? Tão rápido que você pode fazer 20 pesquisas antes de sua mãe terminar a primeira?".

Em um vídeo extremamente interessante (sem legendas, nem em inglês) um dos funcionários do Google revela a enorme exigência mental da função no Google: